Imagem Televisiva e Espaço Político - Vilém Flusser

    Admito que tive certa dificuldade para entender a palestra devido à linguagem complexa do palestrante. Porém, aqui está a minha interpretação sobre ela 😅:

    As imagens, em um contexto primitivo da humanidade, serviam para ilustrar aquilo que o ser humano via ou queria passar para outra pessoa. Ela representava uma forma das pessoas se orientarem no mundo. 

    Com a invenção da escrita, os conceitos presentes na imagem se tornam palavras e, dessa forma, o caminho entre a representação gráfica e a interpretação humana se torna mais longo. Quanto mais esse caminho cresce, mais complicado fica o recebimento dos conceitos e, consequentemente, o distanciamento entre os conceitos e a realidade se torna maior. O ser humano era mais ligado ao real, pois haviam menos etapas na cadeia de conceituação. Agora, a escrita altera a relação com a realidade, pois é preciso transformar aquilo que vemos em um conceito expresso com palavras e esse conceito precisa, ainda, ser interpretado pelo receptor adequadamente.

    Tudo isso fica mais complexo com a invenção da câmera, do computador, da televisão, da impressora, etc. Esses aparelhos criam uma imagem, mas não é a imagem real. A máquina capta e faz uma cópia. Entretanto, ela tira a situação representada de seu contexto original e traz ela para outra dimensão no espaço e no tempo. Assim, vivemos em um mundo em que as imagens representam aspectos que não estão mais ocorrendo, de fato. 

    Quando vemos uma imagem captada pela câmera, temos a falsa sensação de que o que enxergamos é a realidade em si. Mas, essa imagem não é plenamente real. Ela é superficial, isto é, não capta todas as superfícies que permeiam a situação fotografada. O que nós vemos na foto é apenas um instante. Não sabemos o que estava ocorrendo antes, depois ou, até mesmo, durante a foto. O que nós vemos é um "microfragmento" da realidade.

    Tal situação não é necessariamente problemática, porém, em um mundo baseado nessas máquinas, ela se torna perigosa. Não podemos acreditar que tudo que vemos em fotos é real, pois aquele momento em que a foto foi tirada não existe mais. Além disso, não sabemos as entrelinhas da situação fotografa. Não sabemos se a foto foi usada para representar a realidade ou se a realidade foi forjada para ser fotografa.

Para discutir e refletir:

1) Como podemos associar essas ideias à espetacularização midiática?

2) Como as redes sociais intensificaram esse processo relatado no texto? Como elas são afetadas pela câmera fotográfica? O que vemos em redes sociais é real?

3) A imagem, antes da câmera fotográfica, realmente era fiel à realidade?

Extra: agora, com a possibilidade de editar fotos em aplicativos, a distância entre a realidade a a foto foi ampliada? Como?



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